Fera da Penha

NomeNeyde Maria Maia Lopes
Data de nascimento2 de março de 1937
Local de nascimentoRio de Janeiro
Nacionalidade(s)brasileira
Crime(s)Sequestro e homicídio triplamente qualificado
Pena33 anos de prisão
SituaçãoLiberada por bom comportamento, após cumprir 15 anos de prisão.

Antecedentes

Neyde Maria Maia Lopes teria conhecido Antônio Couto Araújo na estação Pedro II (atual Central do Brasil) em fins de 1959, tendo iniciado relacionamento amoroso por algum tempo. Posteriormente, Antônio lhe revela ser casado e desiste de abandonar sua família para viver com ela. Para se vingar de Antônio, Neyde se aproximou de sua esposa Nilza e da filha do casal, Tânia Maria Coelho Araújo, conhecida como Taninha, de 4 anos. Após ganhar a confiança de Nilza, Neyde resolveu agir e decidiu sequestrar Tânia[1].

Crime


No início da tarde de 30 de junho de 1960, Neyde se dirigiu ao Instituto Joemar, escola onde Tânia estudava. Lá se passando por Odete, conseguiu ludibriar funcionários e retirou Tânia do local, tendo perambulado com a criança durante o final da tarde e início da noite pelo bairro da Penha. Ao chegar ao Instituto, por volta das 14h, para levar a merenda de Tânia, Nilza descobriu que sua filha havia sido retirada por outra mulher, assim comunica o sequestro à polícia[2][3]. Ao cair da noite, por volta das 20h, Neyde leva Tânia a um galpão do Matadouro da Penha. Munida de um revólver calibre 32, Neyde atira na criança à queima roupa. Tentando ocultar o cadáver, pois o local era habitado por urubus que carregavam as carcaças dos animais ali jogadas, Neyde incendeia o corpo de Tânia, evadindo-se do local pouco tempo depois[4]. Porém, foi vista por funcionários do matadouro que comunicaram o ocorrido à polícia. O corpo de Tânia estampou os jornais do dia seguinte, comovendo toda a população.

Investigações

Durante investigações sobre o sequestro de sua filha Tânia, Antônio confessa à polícia que manteve um relacionamento extraconjugal com Neyde durante 6 meses, o que leva a polícia a detê-la para averiguações durante todo o dia 1º de julho. Pressionada, Neyde, a princípio, nega o crime diante das autoridades e da imprensa presentes.
Por volta das 23h, um funcionário do Matadouro da Penha passava com seu cavalo pelos arredores do local, quando subitamente o animal se assustou com uma fogueira. Após apear do animal, o funcionário descobriu o corpo carbonizado de Tânia no interior da fogueira[5]. A notícia se espalhou rapidamente e, pouco tempo, a polícia chegou ao local. Confrontada pela polícia e pela imprensa com a notícia da descoberta do corpo, Neyde confessou o crime durante entrevista ao jornalista Saulo Gomes[6].
Detida no 24º distrito, bairro de Encantado, Neyde precisou ser transferida ao prédio da Polícia Central, por conta do risco de invasão da delegacia por parte de populares. Durante a transferência, cerca de 300 pessoas depredaram uma viatura de polícia, utilizada para despistar a viatura que conduzia a criminosa. Nesse momento, a imprensa cria a alcunha de Fera da Penha para batizar o caso. Alguns dias depois, a polícia cancelou a reconstituição do caso após centenas de moradores da Penha terem se organizado para linchar Neyde no local do crime[7]. Após alguns dias detida na Polícia Central, a assassina foi transferida para a Penitenciária Lemos Brito, em Bangu[8].

Julgamento

O julgamento ocorreu entre 4 e 5 de outubro de 1963. Após 16 horas de sessão, o júri votou pela condenação de Neyde, pelo sequestro (7 votos a 0) e pelo homicídio (6 votos a 1). O juiz Bandeira Stampa, presidente do II Tribunal do Júri, proferiu a sentença de 33 anos de prisão (30 pelo homicídio e 3 pelo sequestro) em regime fechado[9]. Por conta da pena ter ultrapassado mais de 20 anos, um segundo julgamento foi solicitado pelo advogado de defesa. Esse julgamento ocorreu apenas entre 20 e 21 de abril de 1964[10]. Esse segundo julgamento apenas confirmou a sentença (por 6 votos a 1). A decisão dos julgamentos só seria confirmada pela justiça em 1966[1].

Consequências[editar | editar código-fonte]

Ao cumprir 15 anos de prisão (sendo sua pena reduzida através de indulto de 33 para 21 anos), Neyde Maria Maia Lopes é solta em 9 de outubro de 1975[11]. Viveu durante muitos anos em companhia dos pais, até o falecimento deles. Desde sua libertação até os dias atuais, tornou-se uma pessoa reclusa, vivendo em uma casa no bairro de Cascadura, Rio de Janeiro[12].
Os pais de Tânia permaneceram juntos após a tragédia. Nilza perdoou o marido e o casal teve mais 3 filhos. A menina foi enterrada no cemitério de Inhaúma. Seu túmulo tornou-se ponto de peregrinação de fiéis de diferentes denominações religiosas, que associam a menina como benfeitora de muitos milagres[13].

Na cultura popular

O caso da Fera da Penha causou grande impacto na sociedade brasileira na década de 1960, tendo sido retratado nos principais jornais e revistas do país, além de ter sido relatado em livros e utilizado como base para filmes e programas de televisão. O interesse pelo caso foi diminuindo nas décadas seguintes, de forma que acabou caindo no esquecimento.

Filmes

  • Crime de amor (1965), de Rex Endsleigh [14]
  • O lobo atrás da porta (2013), de Fernando Coimbra; [15]

Televisão

  • Linha Direta Justiça (2003) – Rede Globo;




  • Culpado ou inocente (1983) - Rede Bandeirantes



Livros[editar | editar código-fonte]

  • Os olhos dourados do ódio (1962), de José Carlos Oliveira
  • Características do crime esquizofrênico (1965), de José Alves Garcia.
  • Alguns casos de polícia (1978), de José Monteiro [18]
  • Crimes que abalaram o Brasil (2007), de Marcelo F. de Barros, Wilson Aquino,George Moura e Flávio Araújo[19][20]

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